Li recentemente um artigo no
blog Sociedade Racionalista, no qual a questão da opinião foi tratada. Sem
deixar de defender a Liberdade de Expressão, o artigo tocou num ponto que
geralmente fazemos questão de desprezar, não notar. Trata-se do valor de verdade,
ou melhor, da capacidade de acabar uma discussão que as opiniões pessoais têm
em nosso cotidiano.
Penso que já aconteceu com todos
a seguinte situação: você com seu(s) amigo(s) discutindo sobre total assunto,
até chegar em determinado momento em que alguém diz que a opinião sobre o
assunto é aquela. Geralmente acompanhada com a expressão (ou mesmo a frase) de
que tal opinião não se modificará, é fato que tal situação coloca uma pedra em
qualquer possibilidade de síntese que pode surgir em um diálogo.
Antes de ser algo que só se
expressa no meio informal, tenho a impressão que no ambiente acadêmico tal
ditadura também se expressa. Minha curta e vaga experiência no curso de
Psicologia demonstrou que a opinião é mais forte do que a investigação ou a
reflexão sobre determinado assunto ou tema.
Um caso muito clássico nessa
experiência que tive e ainda tenho é em questão a abordagem teórica a se aliar.
Longe de ser uma escolha consciente e embasada de argumentos racionais, tal
escolha é baseada na opinião, ou melhor, na frase “é a que eu mais gosto”, ou “é
a que melhor trata dos problemas humanos”, ou ainda “é a mais
legal/interessante”. Não sei se em outras áreas tal questão se repete, mas
tenho um receio muito grande se a ciência como todo (e em especial as ciências
humanas) se tornar um fruto da opinião, um plebiscito.
Como bem posto no texto, a
Liberdade de Expressão coloca a questão da opinião como algo público, passível
de ser discutido. Mas tal liberdade se expressa muito mais como monólogos
isolados do que como diálogos genuínos. A opinião, quando enxergada como o
ápice de um debate, é encarado quase como algo divino e intocável. Discutir
opiniões me parece não ser mais possível, mas quero muito que continuemos
tentando. Sou contrário ao texto quando este diz que há o “errado” e o “certo”,
ou que há verdades absolutas. Como um autêntico humano de meu tempo (o século
XXI), eu acredito na relatividade quando tocada nos assuntos humanos, e isso me
faz duvidar de (quase) tudo o que é absoluto. Mas isso também é algo a ser
discutido. Algo que jamais poderia ocorrer caso eu dissesse “mas essa é a minha
opinião”.
Para concluir, digo que minha
opinião é a favor da frase que diz que a Liberdade de Expressão é uma arma. De
fato, nada mais verdadeiro. E como tal, temos que ter cuidado com essa arma.
Uma faca pode cortar seu dedo ou pode cortar três belos limões. Mas nos dois
casos, a faca continua sendo uma faca, independente se ela te deu um corte ou
uma deliciosa limonada...
Texto lido
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