sábado, 19 de outubro de 2013

A Ditadura Opinativa

Li recentemente um artigo no blog Sociedade Racionalista, no qual a questão da opinião foi tratada. Sem deixar de defender a Liberdade de Expressão, o artigo tocou num ponto que geralmente fazemos questão de desprezar, não notar. Trata-se do valor de verdade, ou melhor, da capacidade de acabar uma discussão que as opiniões pessoais têm em nosso cotidiano.

Penso que já aconteceu com todos a seguinte situação: você com seu(s) amigo(s) discutindo sobre total assunto, até chegar em determinado momento em que alguém diz que a opinião sobre o assunto é aquela. Geralmente acompanhada com a expressão (ou mesmo a frase) de que tal opinião não se modificará, é fato que tal situação coloca uma pedra em qualquer possibilidade de síntese que pode surgir em um diálogo.
Antes de ser algo que só se expressa no meio informal, tenho a impressão que no ambiente acadêmico tal ditadura também se expressa. Minha curta e vaga experiência no curso de Psicologia demonstrou que a opinião é mais forte do que a investigação ou a reflexão sobre determinado assunto ou tema.
Um caso muito clássico nessa experiência que tive e ainda tenho é em questão a abordagem teórica a se aliar. Longe de ser uma escolha consciente e embasada de argumentos racionais, tal escolha é baseada na opinião, ou melhor, na frase “é a que eu mais gosto”, ou “é a que melhor trata dos problemas humanos”, ou ainda “é a mais legal/interessante”. Não sei se em outras áreas tal questão se repete, mas tenho um receio muito grande se a ciência como todo (e em especial as ciências humanas) se tornar um fruto da opinião, um plebiscito.
Como bem posto no texto, a Liberdade de Expressão coloca a questão da opinião como algo público, passível de ser discutido. Mas tal liberdade se expressa muito mais como monólogos isolados do que como diálogos genuínos. A opinião, quando enxergada como o ápice de um debate, é encarado quase como algo divino e intocável. Discutir opiniões me parece não ser mais possível, mas quero muito que continuemos tentando. Sou contrário ao texto quando este diz que há o “errado” e o “certo”, ou que há verdades absolutas. Como um autêntico humano de meu tempo (o século XXI), eu acredito na relatividade quando tocada nos assuntos humanos, e isso me faz duvidar de (quase) tudo o que é absoluto. Mas isso também é algo a ser discutido. Algo que jamais poderia ocorrer caso eu dissesse “mas essa é a minha opinião”.
Para concluir, digo que minha opinião é a favor da frase que diz que a Liberdade de Expressão é uma arma. De fato, nada mais verdadeiro. E como tal, temos que ter cuidado com essa arma. Uma faca pode cortar seu dedo ou pode cortar três belos limões. Mas nos dois casos, a faca continua sendo uma faca, independente se ela te deu um corte ou uma deliciosa limonada...

Texto lido


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