segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Um passeio ao ar livre

Hoje decidi falar de mim. Mas trocarei, em determinadas ocasiões, o pronome “eu” por “nós”, pois descobri que possuo um defeito compartilhado por muitos (para não dizer todos). Decidi aproveitar um pouco o final de semana para fazer um passeio no parque de minha cidade (Ponta Porã – MS), bem no estilo inglês: caminhada-passeio, com uma amiga ao lado (só que sem os braços dados, quebrando o clichê dos filmes britânicos), apreciando a paisagem e falando banalidades.


No entanto, logo notei que aquele passeio estava demasiadamente agradável. Sim, muito agradável! E digo qual é a situação mais agradável para mim: espaços com poucas pessoas. Sou um agorafóbico por natureza. Espaços repletos de pessoas me deixam desnorteados, sem saber o que pensar ou fazer. Preciso da solidão mínima para que, minimamente, eu me reconheça como um ser humano que aprecia a vida. E eu estava apreciando muito o local, o que me incomodou bastante.
O que faria, em uma tarde de sol, em um final de semana e em um ambiente belíssimo, com que pessoas simplesmente não saíssem de suas casas para apreciar a paisagem? De repente, percebi o quanto estamos insensíveis à beleza. Não sair de casa para ver o Sol, ver o céu, apreciar a paisagem, só pode demonstrar como nosso senso estético está deficiente. Ou como banalizamos as belezas naturais a ponto de desprezá-las. Enfim, de um modo ou de outro, o que isso demonstra é que não sabemos mais o que é belo.
É triste saber, portanto, que nossos parques estarão cada vez menos lotados. Espaço onde as poucas crianças que ainda guardam em si o espírito infantil irão reinar em absoluto, adultos e jovens serão cada vez mais raros de serem vistos lá. E quando lá estiverem, será num período de 30 minutos a 1 hora. O tempo necessário para manter a forma em exercícios aeróbicos. 

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