domingo, 1 de setembro de 2013

A Alegria do Fim de Semana

Via de regra, reclamamos durante os dias da semana pela chegada rápida do sábado e do domingo. Quando estes finalmente chegam, somos tomados por um sentimento de vazio que não conseguimos explicar. Como é próprio do ser-humano procurar explicações sobre o que está a sua volta (sejam elas explicações emocionais ou racionais), costumamos dizer que ficamos tristes por que "a segunda-feira está retornando".
Ainda dentro desse pensamento, é possível dizer que o único dia da semana realmente "feliz" é a sexta feira. Mas por quê? Mais uma vez, o pensamento recorrente os diz que é a sexta a anunciadora do grande momento de felicidade, que é o tão esperado Fim de Semana. E assim vivemos nossas vidas acreditando que as coisas são simples dessa forma.
Mas as coisas são, ao meu ver, mais complicadas do que parece. Se olharmos a história, notamos que é apenas na nossa época atual que o tempo parece "correr" mais do que o normal. Isso nunca antes foi visto, e para averiguar isso, basta conversar com nossos avós e demais pessoas com idade avançada, e veremos que é unânime a sensação de que o tempo corre depressa ultimamente.
Não estou dizendo nada novo, nada inovador, nada estranho. É um fato que todos parecem sentir, sem exceção. No entanto, isso muito mais tem a ver com a quantidade de afazeres que temos que administrar em apenas 24 horas, do que uma teoria maluca que diz (por exemplo) que "a Terra está girando mais depressa" (e sim, fiz uma referência a um dos filmes do Super Man...).
O sistema econômico em geral, aliado à globalização (principalmente no que diz respeito à informação), podem ser considerados os culpados, ou responsáveis, por essa nova forma de conduzir o tempo. São macro estruturas a nível de relação que se inserem de forma quase violenta naquilo que é privado, nas microestruturas, nas micro-relações. Mais uma vez, não estou dizendo nada novo.
No entanto, fica a questão: onde se insere o assunto iniciado aqui, que são os tão desejados finais de semana, que de felizes muito pouco têm? Tudo seria uma maravilha se as coisas funcionassem apenas a nível ontogenético cultural, ou seja, seguindo uma visão skinneriana, a nível individual e social. Seriamos completamente adaptados a esse sistema social que se engendra em nossas vidas, e problema nenhum seria diagnosticado. Mas ainda dentro da visão skinneriana, não somos apenas individuais e sociais. Somos biológicos, temos uma herança filogenética que dita formas pré-estruturais de funcionamento (tanto individuais quanto sociais). Ou seja, nosso "relógio biológico" não costuma andar tão rapidamente quanto o relógio da globalização e da informação. Prova disso é que ainda notamos essa rapidez com que o ano passa tão rapidamente.
Desejar que a semana passe rapidamente nada mais é do que dizer "Stop! Eu não estou conseguindo acompanhar esse ritmo!". E assim, desejamos com todas as nossas forças a chegada do Fim de Semana, que promete trazer consigo (promessa essa quase messiânica), de trazer o descanso e a alegria que não conseguimos desfrutar durante os dias úteis.
Assim, chega a sexta-feira, anunciante por excelência, da chegada do Sábado e do Domingo. Aqui sim eu consigo dizer que desfrutamos a alegria do Fim de Semana, pois a Sexta-feira é um dia de promessa, um dia de esperança. E a esperança costuma nos dopar, alcoolizar (metaforicamente e literalmente), nos trazendo a sensação da alegria perdida. Mas aqui surge a contradição: os Finais de Semana, via de regra, não cumprem o que prometeram. Um momento de reflexão para uns e de sensação para a maioria se iniciam, ambas dizendo a mesma coisa.
Desejamos tanto que o tempo passe rápido, que não notamos que ele já está mais rápido do que de costume, e quando nos damos conta desse desejo, eis que chega a crise existencial, que como eu disse, ou é sentida ou é refletida (as vezes, as duas coisas). Crise essa que demonstra a impotência que temos diante da vida.
O desejo de adiantar algo que já está adiantado traz mais depressa o fim inevitável, e o Fim de Semana costuma nos dizer isso, que nós de uma maneira completamente irracional, desejamos que o nosso fim venha mais depressa. Aqui já não é difícil de entender o porquê de não desfrutarmos da alegria do Final de Semana de forma verdadeira.

No final, nos damos conta de que o que desejamos nos dias úteis é uma utopia para quem é imortal, e não para nós meros mortais. Assim, maquiamos essa decepção existencial com a justificativa "estou de mau humor por que amanhã é segunda-feira". E eu digo que não, não estamos decepcionados por que amanhã é segunda-feira. Estamos decepcionados por que todos os dias são uma eterna Segunda-feira.

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