Seriados são uma paixão a qual
eu nutro com muito afinco. Geralmente, quando começo a ver um seriado, não
descanso até chegar ao último episódio já lançado. No entanto, nem sempre isso
é possível, principalmente quando começo a assistir desde o começo, pois preciso conter minha ansiedade...
É o caso do seriado Once Upon a
Time (Era uma vez, em português), que comecei a assistir no começo de 2012.
Escrita por Edward Kitsis e Adam Horowitz, a série conta a história na qual os
personagens dos contos são fadados a viver no mundo real após uma terrível
maldição lançada pela Evil Queen/Regina Mills (Rainha Má). No nosso mundo,
esses personagens vivem uma espécie de “sono existencial”, visto que não se
lembram de suas vidas passadas e adotam novas personalidades, muitas vezes
conflitantes com àquelas que eles possuíam no mundo dos Contos de Fadas (Fairy
Tale Land).
Não pretendo fazer uma descrição
detalhada aqui dessa série, mas fazer uma reflexão sobre a dupla personalidade
que esses personagens possuem. Via de regra, cada episódio mostra fatos que
ocorrem no nosso mundo atualmente, e acontecimentos que se passaram no mundo
dos Contos de Fadas. Como disse, as personalidades são, geralmente
conflitantes, o que pode causar um “nó” no cérebro do telespectador pouco
assíduo dessa série.
Um foco possível a tomar é o
caso da Snow White/Mary Margareth Blanchard. Nos fatos passados no mundo dos
contos de fadas, Snow White se mostra como uma moça batalhadora, que luta pelo
amor dela a qualquer custo, mas principalmente, foge das garras da Evil Queen.
Ou seja, é uma moça que apesar de meiga, não faz o tipo e princesa que espera
pacientemente pelo seu príncipe. Mary Margareth não deixa de ter certas
características que sua alterego, Snow White, possui. Por exemplo, ambas são
meigas e crentes na força do verdadeiro amor. Mas Mary Margareth guarda certas
especificidades não compartilhadas por Snow.
A primeira diferença reside no
caráter altamente passivo que Mary Margareth possui. Em Storybrooke (cidade que
a Evil Queen trancafiou todos a partir da Maldição das Trevas), Mary é uma
professora do Ensino Primário que não poucas vezes deve suportar a forma nada
meiga de agir da Prefeita Regina Mills, que como disse, era a Evil Queen no
mundo dos Contos de Fadas. Além disso, Mary não possui o acolhimento que Snow possuía
no outro mundo. Por exemplo, seu Prince Charming se encontra em coma logo nos primeiros
episódios e, em seguida, sua outra personalidade se mostra como um homem já
casado com outra mulher. Sua melhor amiga em Fairy Tale Land, a Chapeuzinho, é
em Storybrooke uma moça que dificilmente começaria uma amizade com o tipo de
Mary, visto que Chapeuzinho (aqui chamada de Ruby) é uma moça pouco recatada, o
oposto de Mary. Os anões também não mantém uma relação amistosa com Mary, sendo
que o Zangado até a esnoba em um dos episódios (episódio esse que posso
comentar em outra hora).
Ou seja, no mundo real Snow
White é uma moça solitária, e isso influencia decisivamente sobre sua
personalidade. Se em Fairy Tale Land, Snow sempre tinha suporte emocional, quer
seja de seus amigos, quer seja de seus súditos que acreditavam em sua bondade,
em Storybrooke Mary não tem o mesmo suporte emocional que antes possuía. É de
se pensar que sem esse reforço social, a passividade de Snow viria à tona.
Isso certamente é um ponto de
partida para explicar a diferença considerável entre as “duas” personagens.
Snow White/Mary Margareth são um dos vários casos que podemos citar em um outro
momento aqui do blog. Além disso, ainda quero analisar mais o caso da Snow, um
dos personagens que mais gosto do seriado.
Vale dizer que Once Upon a Time
está agora em sua terceira temporada, que nos trará uma viagem à Neverland, a
terra do Peter Pan. Vale a pena assistir para quem gosta de releituras de
contos de fadas. Além disso, o foco nas características psicológicas de cada
personagem é um prato cheio para quem adora fazer análises.


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