O sistema escolar que adotamos
em nossa sociedade é, via de regra, um sistema que prioriza o controle
aversivo. É pelo menos a conclusão que chegou Burrhus Frederic Skinner em seus textos, em
especial A Escola do Futuro (SKINNER, 1991). Apesar de Skinner ter baseado seus
escritos sobre a educação a partir de suas análises sobre a escola norte
americana, é possível dizer que tal análise também cabe na educação brasileira,
pois como bem sabemos, esse sistema escolar é de uso generalizado na sociedade.
Sobre o controle aversivo, Skinner fala sobre a punição a partir do que se
segue:
A
punição, uma forma padronizada de suprimir o comportamento, é quase sempre a
única maneira que os animais têm de controlarem-se uns aos outros, e nós
retivemos boa parte dessa prática. Os governos usam a punição para suprimir o
comportamento perturbador dos cidadãos e de outros governos. Porém a punição
para o “não-estudar” é diferente. O objetivo é fortalecer o comportamento, não
suprimi-lo. Os estímulos aversivos são usados como reforçadores negativos. No
entanto, dessa prática resultam os mesmos subprodutos. Se podem, os estudantes
fogem para jogos de hóquei ou então para o sono, e contra-atacam vandalizando a
escola e agredindo os professores. (SKINNER, 1991)
É com essas palavras que se pode
iniciar a análise do filme “Meu mestre, minha vida”, que conta a história de
Joe Clark, um professor com métodos rudes e autoritários que foi convidado para
assumir o cargo de diretor da problemática Escola High School em Nova Jersey de
onde tinha sido demitido. Usando métodos nada ortodoxos, resolve provocar uma
revolução no colégio que já havia sido tomado pelas drogas, gangues, vândalos e
todo tipo de violência possível.
Apesar do apelo emocional do
filme (a aclamação do “super-herói” que salva a todos), é inegável algumas
desvantagens que os métodos utilizados por Joe traz. Apesar dos problemas em si
terem se resolvido durante o filme (menos tráfico de drogas, alunos passando em
provas de conhecimento), o controle aversivo utilizado por Joe traz inúmeros
problemas de relacionamento, tanto entre professores quanto entre alguns alunos
da escola. Isso é muito visível em uma cena específica, onde uma das
professoras conseguiu expressar de uma forma bem marcante como ela se sentia
oprimida pela postura do diretor em não respeitar e reconhecer os esforços do
corpo docente. Relatando que trabalha na escola não só pelo emprego mais também
pelos alunos, e que a postura extremamente autoritária e punitiva do atual diretor
estava prejudicando a atuação dos professores.
Além disso, o fato de Joe ter
tomado para si toda a responsabilidade da escola traz um problema que pode se
refletir no futuro: a decaída de todos os avanços conquistados. Ou seja, a
saída desse professor da escola pode prejudicar o desempenho de todo o sistema
escolar, fato que é normal em situações onde não é um grupo o responsável pelos
avanços, mas sim, uma única pessoa.
Como é sempre dito em relação ao
controle aversivo, é fato de que essa forma de controle traz sim resultados, e
na maioria das vezes imediatos, mas são pouco eficientes a longo prazo, além de
que traz respostas emocionais desagradáveis àquele que está a mercê desse
controle. Filmes como esse, apesar de trazerem a esperança ao telespectador de
que a situação educacional pode melhorar, mostram que a única medida é o
controle aversivo. Poucos filmes demonstram a eficácia de um sistema baseado no
reforço positivo, até por que seus resultados são mais visíveis a longo prazo
do que num curto espaço de tempo. Não podemos negar a vantagem que o filme traz
em reforçar a imagem do professor engajado com a causa da Educação, mas focar
excessivamente em métodos pouco eficientes quando vistos sobre um viés temporal
longo apenas perpetua os problemas educacionais existentes no momento atual.
REFERÊNCIAS
SKINNER, B. F.
Questões recentes na análise comportamental. Campinas, SP: Papirus, 1991


Bom filme!!
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