Que o ódio é odiado e,
paradoxalmente, muito vivido pelos homens é fato. Mas com o tempo, parece que
passamos a menosprezar o papel fundamental do ódio não só na cultura humana,
mas na natureza toda. Em nome de uma filosofia ou psicologia do amor, parece
que esse afeto é uma ditadura cada vez mais exigida atualmente. Enfim, Pondé
debate sobre isso no café filosófico apresentado em 09 de setembro de 2011, intitulado
“As Sombras do humano”.
Luiz Felipe Pondé caracteriza-se
por um pensamento polêmico. Conservador e liberal por definição própria, Pondé
é fã filosofia trágica, tendo como um importante influência o filósofo Friedrich
Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900). Escreve semanalmente no jornal Folha de
S.Paulo e é autor de diversas obras, entre elas, Contra um mundo melhor:
Ensaios do Afeto (2010) e Guia Politicamente Incorreto da Filosofia (2012).
Na palestra em questão, Pondé
não fala apenas do ódio. Ele praticamente defende o ódio. E não é para menos.
Com seus argumentos muito bem colocados, Pondé demonstra o quanto o ódio é
inerente à nossa natureza humana (que eu prefiro chamar de condição). Ora, bem
sabemos que no meio natural, os animais necessitam do ódio para sobreviver.
Longe de ser alguém que diz que o amor não existe, ou que o ódio sempre
prevalece, Pondé apenas retrata o quanto o ódio está presente na vida humana e
na natureza, tanto quanto o amor. Negar o ódio é negar essa natureza.
Acho bacanas as considerações de
Pondé, e dificilmente alguém discordaria: o ódio está aqui, a todo o momento.
Mas sinceramente, sinto um aperto na garganta quando palestras do tipo retratam
um ser humano acabado, pronto, terminado pela natureza. Logicamente sabemos que
o ser humano não é uma metamorfose ambulante em todos os sentidos (tal qual
Raul Seixas ingenuamente acreditava). Temos aí nosso corpo biológico que,
apesar de sofrer as transformações do tempo, ainda é o mesmo corpo. Mas ainda
aí há sim uma transformação. Até mesmo na teoria darwiniana, a natureza não é
estática. Dentro de suas especificidades e possibilidades, ela se modifica. Mas
Pondé parece menosprezar isso. De qualquer forma, independente se o que Pondé
fala retrata uma realidade passageira ou momentânea, não há meios de discordar
dele em outros sentidos.
Como bem retrata a descrição da
palestra dada por Pondé, “olhar para as razões do ódio pode ser o melhor
remédio contra o amor à mentira, a nova hipocrisia contemporânea. A questão de
fundo a ser enfrentada é: quando amar seria um erro?”
Abaixo, o vídeo:
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